Cidades

Pandemia represa cirurgias e MS quer realizar 64,8 mil eletivas em 12 meses

Dos três principais hospitais de Campo Grande, apenas dois voltaram a realizar os procedimentos

Lucia Morel, Ana Paula Chuva e Guilherme Correia | 28/10/2021 07:02
Rita de Cássia precisa de cirurgia nas mãos e espera desde maio deste ano. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rita de Cássia precisa de cirurgia nas mãos e espera desde maio deste ano. (Foto: Henrique Kawaminami)

A previsão é realizar 64,8 mil cirurgias consideradas eletivas até novembro do ano que vem em todo Mato Grosso do Sul, mas só quem espera pelo procedimento há muito tempo sabe o sacrifício que é permanecer com dor e na expectativa de ser o próximo da fila a ser chamado.

Dos três principais hospitais de Campo Grande, apenas dois voltaram a realizar os procedimentos depois de autorização do Poder Público, já que houve suspensão durante a fase crítica da pandemia do novo coronavírus. Santa Casa e Hospital Regional só retomaram as operações em setembro, mas o Hospital Universitário permanece sem realizá-las.

Para Gisele Castilho, de 52 anos, a espera só aumenta as dores no tornozelo, que acabou sendo prejudicado depois de uma cirurgia no pé, em novembro de 2019. Ela precisa passar por outro procedimento e luta na Justiça para conseguir, no entanto, é justamente no HU que sua operação deveria ser marcada. “É onde meu médico atende e ele disse que deveria esperar a pandemia. Já voltaram as cirurgias, mas eu ainda estou esperando”, revela.

Ela passou por um primeiro procedimento no Hospital do Pênfigo, depois de conseguir, também pela Defensoria Pública, a realização e está com pinos nos pés. Hoje, segundo ela, há muita dor no tornozelo, que até a incapacita de trabalhar e outras atividades comuns, como caminhar na rua.

Quem também sofre é a diarista Rita de Cássia Floriano de Araújo, 53, que tem problema nas mãos, no nervo do túnel do carpo. Ela precisou parar de trabalhar e sente dores cada dia mais. Ela foi afastada do serviço em 27 de agosto e agora recebe auxílio doença pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).

“Eu não aguentava mais trabalhar e sinto muita dor”, lamentou, lembrando que aguarda cirurgia desde maio deste ano. “Passei pela médica, foi feito pedido de cirurgia e disseram pra eu esperar me ligarem pra marcar, mas estou esperando até hoje”.

Erenilce Gonçalves Gadda, 56, precisa de cirurgia de catarata, uma das mais represadas no SUS (Sistema Único de Saúde). Ela trabalha em empresa que tem junto com o marido, mas a cada dia enxerga com mais dificuldade e aguarda o procedimento desde agosto do ano passado.

“Não marcaram nada ainda. Já falei com a assistente social do posto do bairro, me disse que ia dar uma resposta e nada. O maior comprometimento é na vista do lado direito, mas os dois estão afetados”, comentou.

Ela conta que não pode passar muito tempo na frente da TV ou mesmo do computador e nem mesmo do celular.

ESTADO - De acordo com o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, há milhares de cirurgias e exames represados em diversas especialidades, de pacientes que aguardam atendimento, mesmo antes da pandemia da covid-19. 

“Esse rol de cirurgias vai alcançar uma população que já aguardava esse tipo de procedimento, já que existia filas enormes naquela época [antes da pandemia]”, comentou ao Campo Grande News.

Ele analisa ainda que “essas filas também cresceram devido à expansão da pandemia no Mato Grosso do Sul, e quando a gente teve que suspender as cirurgias eletivas em todos os hospitais na rede pública e privada”.

Atividades diárias são um sacrifício para Rita. (Foto: Henrique Kawaminami)

O titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) ressalta que haverá ainda um lançamento oficial do programa Opera MS, que prevê realizar os 64,8 mil procedimentos, em 12 meses. O lançamento oficial deve ser feito até a segunda quinzena de novembro.

“Queremos realizar milhares de exames represados e milhares de cirurgias nas especialidades que já indicamos. Tenho absoluta certeza que vai ser um projeto exitoso no Mato Grosso do Sul e que vamos levar de fato saúde de qualidade a esses milhares de pacientes que necessitam de cirurgias assim também necessitam de exames elaborados que, infelizmente, a gente tem alta procura”.

Cerca de R$ 60 milhões estão previstos para as cirurgias e R$ 20 milhões para exames especializados.

Publicação no Diário Oficial do Estado de terça-feira (26) trouxe uma relação com a quantidade de 67 tipos de cirurgias eletivas que deverão ser feitas nos próximos 12 meses, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). A lista completa pode ser acessada aqui.

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