Cidades

Nas peixarias, consumidor promete manter tradições de Páscoa sem aglomeração

Nas peixarias, clientes reduzem volume de compra, dizem que data é tradição, mas comemoração será entre poucos

Silvia Frias e Liniker Ribeiro | 08/04/2020 16:57
Nas peixarias, clientes reduziram volume de compras (Foto: Kisie Ainoã)
Nas peixarias, clientes reduziram volume de compras (Foto: Kisie Ainoã)

Às vésperas do feriado de Semana Santa, o consumidor em Campo Grande se divide entre a obrigação de se manter o distanciamento social e a tradição familiar de comer peixe na Sexta-Feira da Paixão, dia que simboliza a morte de Jesus Cristo. Em tempos de cuidados sanitários contra o novo coronavírus, a data será comemorada graças ao delivery e com poucas pessoas ao redor da mesa.

O proprietário da Peixaria do Mercadão, Cleuber Linhares, disse que o atendimento presencial caiu pela metade, mas os pedidos de entrega aumentaram 60%. A movimentação só não foi considerada melhor porque os clientes reduziram o volume de compra. “Eles estão mais retraídos, não estão exagerando este ano”, disse. Na peixaria, quem estava na fila era orientado a seguir distanciamento de 1,5 m entre eles.

Casal quer manter tradição, mas, sem aglomeração (Foto: Kisie Ainoã)

Na Peixaria Mathias, na Rua Rui Barbosa, a proprietária Luciene Santana Mathias já esperava que as vendas não teriam o mesmo resultado do feriado de Páscoa de anos anteriores, por conta da “situação atípica”. Luciene contou que o movimento já aumentava na segunda-feira e, este ano, começou hoje. “Mas está muito bom”, se surpreendeu.

Entre os clientes, a situação atípica também vai mudar a cara do feriado. O comerciante Artur Salomão, 52 anos, disse que costumava reunir de oito a 10 pessoas para almoço na sexta-feira, mas, este ano, a comemoração ficará restrita ao núcleo familiar: ele, a esposa e os dois filhos. Por isso, comprou quatro quilos de peixe, entre pintado e bacalhau.

A diarista Andreia Ferreira, 39 anos, também reduziu a quantidade de pescado, mas acrescentou outros motivos: a contenção de despesa por conta da redução de trabalho. O marido, pedreiro, está trabalhando dobrado para recompor a renda familiar. Mesmo assim, a hora é de apertar o cinto e, por isso, optou pelo camarão do que as postas de pintado, mais caras.  A comemoração vai reunir duas famílias, que moram no mesmo terreno, nove no total, mas sem ampliar para outros familiares.

Procura hoje nas peixarias foi maior, dizem comerciantes (Foto: Kisie Ainoã)

Quem também reduziu a quantidade foi o atendente de farmácia, Maykon Nunes, 29 anos. Na fila, aguardava ser chamado para comprar 4 quilos de postas de pintado. “Antes comprava 10 quilos numa época dessa, mas vamos reduzir porque não dá para ter aglomeração”.

O casal Mário Jr, 39 anos, e Diana da Silva, 29 anos, também estava na fila e, a exemplo de Maykon, também iria reduzir a quantidade, mas ainda pensava qual seria o escolhido. “Vamos ver o que sai mais em conta, se o bacalhau ou a costelinha de pacu”. Os dois disseram que a comemoração será restrita. “Não pode ter aglomeração”, disse Mário. Para Diana, mesmo com poucas pessoas, não pode faltar a celebração. “Sexta-feira Santa não tem como passar em branco, é tradição”.

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