Cidades

Na porta do INSS, desavisados se frustam sem conseguir passar pela perícia

Médicos peritos do INSS estão em greve e muitos segurados não conseguiram atendimento, mesmo agendados

Silvia Frias e Cleber Gellio | 01/04/2022 09:15
Logo cedo, fila de pessoas na agência do INSS na esperança de passar pela perícia. (Foto: Marcos Maluf)
Logo cedo, fila de pessoas na agência do INSS na esperança de passar pela perícia. (Foto: Marcos Maluf)

Desavisados da greve dos médicos peritos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cerca de 30 pessoas chegaram cedo e enfrentaram baixa temperatura, de aproximadamente 16ºC,  para perícia agendada. Muitos saíram frustrados e sem atendimento. 

A greve começou no dia 23 de março, ganhando adesão de 19 estados e o Distrito Federal. Ontem, foi a vez dos profissionais do Mato Grosso do Sul aderirem ao movimento.

"É descaso", reclamou Danila, ao lado do marido Edivaldo. (Foto: Marcos Maluf)

A agência da Rua Anhanduí, no Centro de Campo Grande, é onde se concentra a perícia dos trabalhadores. Cedo, por volta as 7h20, muitos aguardavam o início do atendimento, mas foram avisados por funcionário sobre a paralisação da categoria e que o atendimento estava reduzido aos 30% previstos na lei. 

Ontem, quatro médicos peritos fizeram o atendimento e, esta manhã, a escala era de três profissionais. 

Por isso, nem todos que tinham agendamento conseguiram ser atendidos. Esse foi o caso do campeiro Edivaldo de Souza Paim, 36 anos. Há dois meses, ele perdeu dois dedos da mão direita quando laçava um burro, em acidente ocorrido em Camapuã, a 141 quilômetros de Campo Grande. 

“O burro deu tirão”, contou a esposa dele, Danila Pereira de Paula, 31 anos. Além da perda dos dedos, o campeiro passa por fisioterapia para recuperar o movimento de outro dedo afetado no acidente. Desde então, aguarda pela perícia para dar entrada no benefício.

Danilo foi liberado para o trabalho: "Dei sorte". (Foto: Marcos Maluf)

O casal chegou ontem, às 11h20, foi para hotel, foi ao INSS hoje cedo, mas saiu sem atendimento. “Isso é descaso”, disse Danila. Agora, eles vão para o terminal rodoviário e aguardarão o ônibus, que só sai às 11h20.

Entre os atendidos, estava o auxiliar de serviços gerais Renato Lopes de Souza, 31 anos. Afastado do trabalho desde o dia 7 de fevereiro, depois de fraturar o polegar direito em acidente doméstico, passou pela perícia hoje e foi liberado para trabalhar. Ele não sabia da greve dos médicos peritos. “Tá em greve? Dei sorte.”

A greve dos profissionais é por tempo indeterminado, segundo um comunicado da ANMP (Associação Nacional de Médicos Peritos).

Em greve, servidores e médicos peritos querem a recomposição salarial de 19,9% para repor a inflação de 2019 a 2022, manutenção da jornada de trabalho em 30 horas semanais, valorização da carreira do Seguro Social, rediscussão de metas e mudança no modelo de gestão vigente no INSS. 

No caso dos peritos, eles querem ainda a fixação do número máximo de 12 atendimentos presenciais como meta diária. Ambas as categorias cobram a realização imediata de concurso público.

Em nota, o Ministério do Trabalho e Previdência informou que segurados que não foram atendidos em razão da greve devem fazer o reagendamento dos serviços.

De acordo com o órgão, mesmo com o reagendamento, o INSS vai considerar a data originalmente marcada como a data de entrada do requerimento para evitar prejuízo financeiro aos segurados.

A remarcação de perícia pode ser feita pelo aplicativo Meu INSS, disponível para download para Android e iOS, ou o site www.inss.gov.br.

Para mais informações, a indicação é ligar para o telefone 135, que funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h.

Segurados enfrentaram temperatura de cerca de 16ºC logo cedo. (Foto: Marcos Maluf)


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