Médicos Sem Fronteira são autorizados a atuar em apenas uma aldeia de MS
Terra indígena Taunay Ipegue, onde há maior índice de contaminação, ainda está de fora do reforço
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Equipe de cinco profissionais da organização internacional Médicos Sem Fronteira foi autorizada, pela Sesai (Secretaria Nacional de Saúde Indígena), a prestar atendimento em apenas uma aldeia de Mato Grosso do Sul, onde 29 indígenas morreram em decorrência da covid-19. Maior em índice de contaminação, a Terra Indígena Taunay/Ipegue, em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande, ainda não foi contemplada com o reforço.
Na última terça-feira, a organização denunciou que o secretário nacional da Sesai, Robson Santos da Silva, barrou a entrada de médicos na terra indígena
Hoje, a pasta subordinada ao Ministério da Saúde, afirmou que aceitou a oferta de ajuda e solicitou que o atendimento fosse prestado, pelos profissionais do MSF, equipe composta por um médico, três enfermeiros e um psicólogo, no posto de saúde da aldeia Aldeinha, no município de Anastácio, próximo a Aquidauana, onde há uma maior incidência de casos.
Os indígenas, por sua vez, afirmam que as contaminações são maiores da aldeia vizinha.
Em nota, a Sesai afirmou que toda ajuda é bem-vinda e tem trabalhado com diversos parceiros em todo Brasil. No entanto, lembrou que é a responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do SasiSUS (Subsistema de Atenção à Saúde Indígena).
Neste mês de agosto, os Médicos Sem Fronteiras manifestaram interesse em prestar atendimento a indígenas do Dsei (Distrito Sanitário de Saúde Indígena) do Estado e que hoje, recebeu, a partir de encaminhamento feito pelo governo estadual, uma proposta de plano de trabalho.
O plano, no entanto, precisa ser ajustado, pois não especifica os locais de atendimento (aldeias ou unidades básicas de saúde indígena), datas, recursos, meios a serem empregados. Com esse ajuste, a Sesai afirma que poderá contribuir com as ações do MSF, inclusive integrando as ações com profissionais e indígenas do controle social do Dsei. “Apresentado o plano e, estando em conformidade, as ações serão autorizadas”.
De acordo com a Sesai, além das 29 mortes, a maioria na região de Aquidauana, há 942 casos confirmados do novo coronavírus entre indígenas do Estado, sendo que 431 ainda estão infectados. Em todo o Estado, os casos confirmados ultrapassam os 40,2 mil, sendo 686 mortes.
Ações - A secretaria destacou ainda a atuação em áreas indígenas do Estado no combate ao novo coronavírus, a partir de diversas operações e envio de mais de oito toneladas de insumos como medicamentos, testes rápidos e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para a região. A primeira fase da Missão de Combate à Covid-19 aconteceu entre 5 a 9 de agosto, nas aldeias de abrangência do Polo Base Aquidauana. Na ocasião, foram realizados 1.229 atendimentos por infectologistas, ginecologistas, pediatras e clínicos gerais das Forças Armadas e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) do DSEI.
A segunda fase da missão começou nesta quinta-feira (20) e vai até o dia 30, nas aldeias de abrangência do município de Sidrolândia e Miranda. A terceira fase da missão percorrerá as aldeias da região sul do Estado, nos municípios de Japorã, Tacuru, Caarapó e Iguatemi. Também está previsto um reforço de atendimento nas aldeias de Aquidauana, no norte do Estado.
O Dsei Mato Grosso do Sul presta serviços de atenção básica a aproximadamente 80 mil indígenas de oito etnias. Possui 703 profissionais de saúde, sendo 48% indígenas. No total, há 30 médicos atuando no Distrito, sendo 11 do Programa Mais Médicos.
A Sesai já autorizou também a contratação de mais profissionais de saúde além da contratação de ERR (Equipe de Resposta Rápida) para atuar diretamente no enfrentamento da covid-19, reforçando assim as ações já realizadas pelas equipes do Dsei. Mais de R$ 22,9 milhões já foram empregados no enfrentamento a doença nas aldeias do Estado.