Cidades

Há mais de 100 dias sem chuva, fogo em MT é risco ao ecossistema de MS

Chapada dos Guimarães, um dos pontos turísticos mais visitados do país, está em chamas.

Lucia Morel | 02/09/2020 22:46
Fumaça em incêndio de queimada no Pantanal. (Foto: Gustavo Figuêroa/SOS Pantanal)
Fumaça em incêndio de queimada no Pantanal. (Foto: Gustavo Figuêroa/SOS Pantanal)

Queimadas constantes no Pantanal de Mato Grosso trazem fumaça, mas também podem trazer fogo de lá para cá. Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) indicam que a direção dos ventos estão influenciando na chegada de uma nuvem densa do estado vizinho – onde não chove há 105 dias - para o Pantanal em Mato Grosso do Sul.

Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia em Brasília, Mamedes Luiz Mello, informa que os mapas revelam que a porção noroeste de MS está tomada por fumaça e que os ventos trazem o vapor do Pantanal de MT para cá. 

Em todos os níveis da atmosfera – desde 5 a 12 Km de altura – as partículas provenientes dos incêndios de lá influenciam na qualidade do ar daqui, especificamente em Corumbá e Pantanal.

“A fumaça vinda de lá, pode aumentar a densidade da fumaça aí em Mato Grosso do Sul”, sustentou o meteorologista ao analisar os dados. A boa notícia é que a direção dos ventos devem mudar a partir de sábado, quando estima-se que a intensidade de vapor deverá ser dissipada rumo à Bolívia e ao Paraguai.

O risco nessa situação é maior quando se pensa no fogo, que também devido à direção do vento, pode chegar a MS. “O fogo, com esse vento que está, pode sim passar para o outro lado”, avalia, afirmando que não conhece a divisa dos estados para saber se na prática isso seria possível.

Brigadista apagando focos de incêndios na Chapada dos Guimarães. (Foto: Governo de MT)

Ângelo Rabelo, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) afirma que o fogo pode facilmente passar de um estado para o outro através das fagulhas transportadas pelo vento e afirma inclusive, que parte do fogo enfrentado pelo vizinho MT foi levado de MS. “Parte do fogo que eles enfrentam agora se originou aqui”, afirma.

Ele afirma que o Pantanal em MS enfrenta o fogo intenso desde fevereiro e de lá para cá, a situação só piorou. “Já são 1 milhão de hectares devastados. O perigo agora é avançar pro outro lado, na Nhecolândia”, comentou.

A parte mais devastada do Pantanal em Mato Grosso do Sul é justamente na divisa com Mato Grosso, na região do Paiaguás, onde o limite é o Rio São Lourenço. 

Brigadistas tentando conter fogo na Chapada dos Guimarães. (Foto: Bombeiros MT)

Já no Mato Grosso, segundo dados do ICV (Instituto Centro de Vida), entre os biomas do Estado, a Amazônia teve 37% de suas áreas tomadas pelo fogo, seguido do Pantanal, com 32%, e do Cerrado, com 31%.

O município com maior área afetada por incêndios foi Poconé com mais de 312 mil hectares atingidos e o correspondente a 18% de toda a área incendiada no Estado. O município é seguido de Barão de Melgaço e Cáceres.

Juntos, os três municípios localizados no bioma Pantanal respondem por 31% da área impactada pelo fogo no período analisado.

Chapada dos Guimarães – Também em Mato Grosso, a Chapada dos Guimarães, cartão postal da região e local de intensa visitação de turistas, está em chamas há pelo menos cinco dias. Dados locais indicam que o fogo já destruiu aproximadamente 5 mil hectares.

Capital de MT, Cuiabá, tomada por fumaça de queimadas na Chapada. (Foto: Reprodução site O Livres)

A área atingida fica em uma APA (Área de Proteção Ambiental) pertencente ao Governo do Estado e as chamas têm avançado rapidamente devido o vento e a vegetação, que está bastante seca. Sites locais informam que brigadistas tentam conter o incêndio, que está a 4 km do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.

Segundo meteorologista do 9º Distrito Meteorológico do Inmet, Waldilson Almeida Fidelis, houve chuva ontem na região, mas incapaz de debelar o fogo. “Deu um chuva na Chapada, de 5 a 10 mm só. O fogo continua”, destaca, lembrando que há previsão de chuva para MT entre 7 e 15 de setembro, mas também fraca. “Chuva com alta intensidade só em outubro”, afirma.

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