Cidades

Em tempo de "tripla epidemia", sintomas se confundem e dificultam o diagnóstico

Se testagem para covid fosse mais ampla, ao menos a identificação dessa doença seria facilitada

Lucia Morel | 25/05/2022 17:12
Postos de saúde e mesmo unidades privadas têm apresentado alto fluxo de pacientes com dengue, gripe e covid. (Foto: Marcos Maluf)
Postos de saúde e mesmo unidades privadas têm apresentado alto fluxo de pacientes com dengue, gripe e covid. (Foto: Marcos Maluf)

Com três epidemias em andamento em Mato Grosso do Sul, a subnotificação é inevitável. Dengue, gripe e covid formam o tripé que já tirou a vida de 800 pessoas em MS e infectou centenas de milhares. 

O número de casos de covid, como já mostrou o Campo Grande News, voltou a aumentar e junto com ele, as outras duas doenças, já endêmicas, pressionam a rotina da população, o sistema de saúde e cria a dúvida de se saber qual a doença pela qual se está passando.

Postos de saúde e mesmo unidades privadas têm apresentado alto fluxo de pacientes com os mesmos sintomas, já que nos três casos, infelizmente, eles são parecidos. Também estão lotadas, como mostra diariamente o Campo Grande News.

Aos 32 anos, a leitora Ana Rocha saiu do atendimento de urgência em hospital privado ontem sem saber se o que tinha era covid ou gripe. O médico, pelos sintomas, deu atestado por dois dias, indicando que o afastamento era por inflamação nas vias superiores, mas nenhum teste foi feito.

Para o médico infectologista e consultor do Cievs/MS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde), Hilton Luís Alves Filho, o ideal é sempre testar, mas “não estamos testando como antes e com o afrouxamento, isso piora”.

O especialista afirma que testes há, mas nem sempre estão disponíveis no momento da consulta, ou o paciente não quer se deslocar até um local ou não quer pagar pelos que são realizados em farmácia e laboratórios.

Em busca do exame, a leitora foi até duas farmácias, também ontem e em uma delas havia agendamento somente para o dia 6 de junho e em outra, o resultado demoraria 72 horas para sair. 

Nos postos de saúde, que atendem por senha, ela não conseguiu realizar o teste ontem, fazendo-o apenas hoje. O resultado foi positivo para covid-19. O atestado então tem validade de quatro dias, contando o primeiro dia de sintomas.

“Para o profissional de saúde, o tratamento em caso de covid ou gripe não vai mudar muito, então, então ele pode atestar um ou outro. Pela segurança, pede o afastamento”, cita o infectologista, reforçando ainda que não existe obrigatoriedade na testagem pelos serviços de saúde, sejam eles públicos ou privados.

Paciente positivou para covid e terá 4 dias de atestado. (Foto: Reprodução)

“A notificação efetiva só ocorre quando a pessoa faz o teste, mas ele não está totalmente disponível. O ideal é sempre fazer, nem que seja o de farmácia, porque até nos planos de saúde, geralmente eles não cobrem a testagem e se o serviço de saúde não cobra, não tem o que fazer. Não existe a obrigatoriedade”, analisa.

O médico relembra que nos dois anos anteriores, quando os casos de covid eram em maior quantidade, havia mais controle – com os drives funcionando, por exemplo – mas mesmo assim, havia subnotificação. “Não sabemos o real número de casos de covid. Agora, não estamos nem testando como antes e com a gripe e a dengue juntas, aí que ocorre a subnotificação mesmo”.

Síndrome gripal – gripe e covid estão entre as doenças que desenvolvem no paciente o que se chama de síndrome gripal. Com sintomas semelhantes e em plena propagação, as duas doenças acabam tendo tratamentos também similares.

Já a dengue, em seu começo, pode mesmo ser confundida com gripe ou covid, mas no decorrer da doença, acaba demonstrando sinais mais evidentes. 

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