Cidades

Em bairros usados por autoescolas, falta de sinalização atrapalha prática

Instrutores reclamam de dificuldade para aulas práticas e provas do Detran em bairros com sinalização apagada ou deficiente

Fernanda Palheta | 04/09/2019 14:48
Rua Palestina é ponto de partida para exames do Detran no Jardim Panamá (Foto: Marina Pacheco)
Rua Palestina é ponto de partida para exames do Detran no Jardim Panamá (Foto: Marina Pacheco)

Cruzamentos sem pinturas no chão e placas cobertas por galhos são alguns exemplos de como a  sinalização vai mal em algumas regiões da cidade. Em seis bairros de Campo Grande, o problema é potencializado porque nesses locais são realizadas as aulas e exames Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). 

Na rua Beatriz Cordeiro Leal, no Jardim Panamá, três cruzamentos repetem o problema. Na esquina com a rua Robertino Braga não há nenhum tipo de sinalização horizontal e vertical. No quarteirão seguinte, no cruzamento com a rua Palestina, a placa de "Pare" está coberta por galhos de uma árvore.

Enquanto falta sinalização em alguns trechos, na esquina com a rua Jerusalém, tem sinalização sobrando para confundir o motorista. A antiga marcação de pare faz com que o cruzamento tenha sinalização de parada em todos os sentidos.

A via que mudou de preferencial se tornou palco de acidentes, segundo aposentado Manoel Rodrigues de Souza, de 66 anos, que mora na região há sete anos. Ele conta que o muro de uma das casas já foi destruído por um acidente na esquina com a rua Jerusalém.

Segundo ele, as placas também não ajudam a desfazer a confusão. “A árvore cobre a placa de um lado da via e do outro a placa sempre cai. Eu vou e coloco de volta”, relata.

Na cruzamento da rua Beatriz Cordeiro Leal com a rua Robertino Braga não há nenhum tipo de sinalização horizontal e vertical (Foto: Marina Pacheco)

Aulas prejudicadas - Durante a aula na manhã desta quarta-feira (4), o instrutor Vinícius Falcão relatou que o aluno teve problemas no cruzamento com a Rua Robertino Braga. “Como não tem sinalização, ele ficou sem saber o que fazer e eu tive que avisar”, relatou. Segundo ele, o que ajuda na orientação é uma faixa amarela que foi pintada por alguém. “Nas aulas a gente fala dessas dificuldades. No processo de aprendizagem atrapalha bastante”, comenta.

Já instrutor da autoescola Vip, Gilson Antônio, aponta que o problema já começa com a sinalização da Praça Panamá, local de partida e encerramento dos exames do Detran.  “O curso todo, tanto na parte teórica, como na parte pratica, visamos a observação e aplicação do código de trânsito. E uma das classificações do código de trânsito é a sinalização. Então, se a sinalização é ruim, atrapalha no aprendizado. O candidato vê isso na teoria, mas na pratica ele não encontra a sinalização”, disse.

Em casos de locais com a sinalização obstruída pela vegetação, como no cruzamento, instrutor aponta que o aluno precisa se orientar por outras indicações, como a placa oposta a via, o que não é ideal para quem ainda é inseguro no tráfego.

Apesar do problema, o instrutor afirma que não evita os bairros onde a situação é mais grave. “Porque outra questão do código de transito é a direção defensiva. O condutor tem que saber de que forma vai dirigir com segurança nesses locais maus sinalizados”.

Na esquina com a rua Jerusalém, o antigo “pare” foi pintado de preto (Foto: Marina Pacheco)
Na rua Palestina, a placa de pare está coberta por galhos de uma árvore (Foto: Marina Pacheco)

Já o bairro Santa Carmélia é considerado o pior pelos instrutores. No cruzamento entre as ruas Joaquim Lacerda e Joaquim Francisco Lopes, não há placas e a pintura da rua está apagada. “O problema é que tem muitos lugares que estão com as pinturas de chão apagadas e eles não complementam”, aponta o instrutor da autoescola Dinâmica, Pedro Paulo Cruz de Lima.

De acordo com ele, nesses bairros, onde a sinalização é ruim, os instrutores acabam fazendo o papel de informar. “É a função do instrutor explicar o que tem que fazer naquele determinado local, mas o instrutor acaba fazendo faz o papel da sinalização”, completa.

No cruzamento entre as ruas Joaquim Lacerda e Joaquim Francisco Lopes, não há placas de pare (Foto: Marina Pacheco)

Gerente administrativo de uma autoescola, que não quis se identificar, afirma que os problemas afetam até os exames. “A situação está péssima. E na hora do exame, o aluno já está nervoso, não sabe se ali é um pare ou não. Ele tem que analisar, mas não tem tempo para isso durante a prova. E muitos acabam reprovando”, garante.

Locais de prova - De acordo com o Detran, os bairros onde são realizados exames são o Jardim Panamá, Santa Carmélia, Planalto, São Francisco e Amambaí. Questionado sobre quais os critérios para definir os locais de aula e prova, o órgão afirmou que eles são definidos pela prefeitura de Campo Grande.

Sobre a falta de sinalização, a Prefeitura foi acionada, mas até o fechamento desta matéria não retornou a solicitação por informações.

Nos siga no