Cidades

Em 2022, MS registou mais de um abuso por dia contra crianças e adolescentes

Nesta quarta-feira (18) é celebrado o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças

Gabrielle Tavares, com Agência Brasil | 18/05/2022 15:46
Suspeito preso durante Operação Predador, na manhã de desta quarta-feira, com imagens de abuso sexual infantil. (Foto: Henrique Kawaminami)
Suspeito preso durante Operação Predador, na manhã de desta quarta-feira, com imagens de abuso sexual infantil. (Foto: Henrique Kawaminami)

Só nos cinco primeiros meses do ano, Mato Grosso do Sul registrou 359 denúncias e 487 relatos de violação de direitos humanos contra crianças e adolescentes. Para alertar sobre o assunto, hoje (18) marca o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

A maior parte aconteceu na Capital, com 214 denúncias e 295 violações. Os dados são da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

As mães das crianças são apontadas como as principais suspeitas das violações (160), seguidas por profissionais de educação (46). Os pais (24) e prestadores de serviços (35) também aparecem com números significantes no ranking. 

Além dos principais suspeitos ocuparem posições de confiança das vítimas, a maior parte dos locais onde ocorreram as violações (134) também foram onde as crianças mais deviam se sentir seguras: nas casas delas. Também foram registrados 40 casos em órgãos públicos e 10 nas casas dos suspeitos.

O mês de abril foi o que mais registrou denúncias até agora no Estado, com 170. Em janeiro foram 29, fevereiro 51, março 53 e maio 56.

Fonoaudiólogo no momento em que foi levado para delegacia. (Foto: Henrique Kawaminami)

Entre os casos da Capital, está o do fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo Sobrino, 30 anos, denunciado por estuprar sete meninos de 4 a 8 anos que eram atendidos por ele, em uma clínica de Campo Grande. Ele aproveitava as consultas em que ficava sozinho com as crianças para cometer os delitos.

No interior, o caso mais recente noticiado pelo Campo Grande News foi contra o diretor da Escola Municipal Efantina de Quadros, Marcos Eduardo Carneiro, em Nova Andradina, a 300 quilômetros de Campo Grande. Ele foi denunciado pela mãe de uma aluna de 15 anos após assediá-la sexualmente através de mensagens em aplicativos. 

Brasil - Foram registradas 4.486 denúncias de violações de direitos humanos contra crianças e adolescentes ligados a situações de violência sexual.

Apesar dos dados relatados, a subnotificação de casos pode esconder o agravamento da situação. De acordo com informações do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2017, 70% das 527 mil pessoas estupradas no Brasil anualmente, em média, eram crianças e adolescentes. Além disso, 51% das que foram abusadas têm entre um e cinco anos.

Entre janeiro e dezembro de 2021, houve 18.681 registros contabilizados, equivalente a 18,6% dos relatos. O levantamento de 2021 indicou que o cenário da violação que aparece com maior frequência nas denúncias é a residência da vítima e do suspeito (8.494), a casa da vítima (3.330) e a casa do suspeito (3.098).

Como denunciar - O Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi marcado em memória à menina Araceli Crespo, que foi sequestrada, violentada e assassinada aos 8 anos, em 18 de maio de 1973.

Havendo alguma suspeita é possível fazer a denúncia por meio do canal Disque 100. A ligação é gratuita, funciona 24h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. A denúncia pode ser feita também na Polícia Militar, pelo número 190, ou Polícia Rodoviária Federal, pelo 191.

O ministério também disponibiliza o aplicativo Direitos Humanos Brasil, WhatsApp (61-99656-5008) e Telegram (digitar na busca “Direitoshumanosbrasilbot”), que oferecem os mesmos serviços de escuta qualificada. No caso de crianças e adolescentes, a denúncia também pode ser feita por meio do Aplicativo Sabe - Conhecer, Aprender e Proteger.

Quando a vítima é criança ou adolescente, a denúncia é encaminhada ao Conselho Tutelar e, nos casos em que a violação configura, à Delegacia Especializada ou à Delegacia Comum, no caso de inexistência, e ao Ministério Público.

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