Cidades

Documentos falsos encobriam propina da JBS para fiscais, 3 deles são de MS

Segundo a Polícia Federal, os servidores recebiam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais para emitir a certificação sanitária

Anahi Zurutuza | 10/12/2019 11:43
Delegado Rafael Valaderes, em entrevista coletiva nesta manhã em Barra do Garças (MT) (Foto: Reprodução)
Delegado Rafael Valaderes, em entrevista coletiva nesta manhã em Barra do Garças (MT) (Foto: Reprodução)

Uso de documentos falsos para justificar nas planilhas contábeis os pagamentos de serviços de marketing, consultoria ou serviço de inspeção federal para justificar pagamentos de propinas a fiscais sanitários faz parte do esquema investigado na Operação Porteira Aberta, desencadeada pela PF (Polícia Federal) nesta terça-feira (10). Dos 15 alvos, três atuam em Mato Grosso do Sul – dois em Campo Grande e um em Cassilândia.

A PF identificou depósitos suspeitos, num intervalo de quase dez anos – de 2008 a 2017 – partindo das unidades da JBS na Capital, Cassilândia e Ponta Porã, além das localizada no Mato Grosso Goiás, Pernambuco, Paraná e Santa Catarina. O destino do dinheiro eram as contas de fiscais agropecuários federais e médicos veterinários conveniados ao SIF (Serviço de Inspeção Federal), que recebiam para emitirem certificados sanitários sem terem de fato fiscalizado os abates em unidades da empresa.

Daí o nome Porteira Aberta, explicou o delegado Rafael Valadares, em entrevista coletiva nesta manhã em Barra do Garças (MT), onde fica a delegacia responsável pelas investigações. “Porteira Aberta fez referência a ausência de fiscalização no abate de animais”.

Agentes após o cumprimento de mandados no interior do Mato Grosso (Foto: PF do MT/Divulgação)

Dos R$ 6 milhões em pagamentos de propinas identificados, segundo o delegado, R$ 1,8 milhão partiram do caixa da unidade da JBS no município do interior do Mato Grosso. Valadares não citou, porém, qual o montante somando em Mato Grosso do Sul.

Ainda de acordo com o que divulgou a PF, uma das unidades investigada, de 2010 a 2014, se valeu de documentos falsos para dar ar de legalidade à contabilidade, “já que o CPF destinatário das despesas, que teria supostamente prestado os serviços que teria supostamente prestado os serviços de marketing, pertencia a pessoa falecida em 2009, momento anterior aos lançamentos”.

Segundo a Polícia Federal, os servidores recebiam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais para emitir a certificação sanitária sem vistoriar o trabalho nos frigoríficos.

Ainda conforme a investigação, os pagamentos de propina só pararam em 2017, depois que foi deflagrada a Carne Fraca – que expôs esquema de adulteração de carnes por mais de uma empresa do ramo.

A J&F, que administra a JBS, informou por meio da assessoria de imprensa que a empresa “não é alvo da ação”. “Ao contrário, a J&F contribui para o avanço das investigações. A operação deflagrada hoje pela Polícia Federal tem como base informações prestadas pelos colaboradores do grupo às autoridades”. 

Unidade da JBS localizada na BR-060 em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

A operação – Nesta terça-feira, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e 15 de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo o afastamento de servidores.

Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Barra do Garças, que também determinou o sequestro de bens e valores pertencentes a quatro servidores, totalizando R$ 5.080.200,00.

A PF também não divulgou quais as medidas aplicada aos funcionários que atuam em Mato Grosso do Sul.

Os investigados vão responder por corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa, podendo pegar até 20 anos de prisão.

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