Cidades

Contador investigado em MS foi dica de Moro como fonte para “pegar” Lula

Conforme apurou a Veja, seguindo a pista dada por Moro, Dallagnol procurou Nilton Aparecido Alves, mas ele não quis colaborar

Anahi Zurutuza | 28/06/2019 10:48
Nilton Aparecido Alves, contador citado por Moro (Foto: Cristiano Mariz/VEJA)
Nilton Aparecido Alves, contador citado por Moro (Foto: Cristiano Mariz/VEJA)

O contador Nilton Aparecido Alves, que tem escritório em Campo Grande, é uma das testemunhas indicadas pelo ex-juiz Sérgio Moro ao procurador Deltan Dallagnol, o chefe da força-tarefa da Lava-Jato, como fonte para “pegar” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O nome do técnico em contabilidade, de 57 anos, aparece em uma das trocas de mensagens entre o magistrado e o servidor do MPF (Ministério Público Federal) vazadas para site The Intercept Brasil, conforme divulgou a revista Veja nesta sexta-feira (28).

A reportagem classifica o diálogo como “o mais comprometedor até o momento”, porque na avaliação de especialistas ouvidos pela revista, a parceria investigativa beneficiou uma das partes no processo contra Lula, no caso, os acusadores, o que seria ilegal.

Conforme apurou a Veja, seguindo a dica dada por Moro, Dallagnol procurou o contador, mas ele se recusou a colaborar.

Nilton Alves já é conhecido do Ministério Público e da Justiça de Mato Grosso do Sul.

Em agosto do ano passado, ele foi um dos alvos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) durante a operação Grãos de Ouro, que investigou crimes de corrupção e sonegação fiscal no Estado. O esquema desfalcou os cofres estaduais em ao menos R$ 44 milhões, segundo apurou o MP.

Como resultado da operação, 58 pessoas foram denunciadas à Justiça. O contador é réu em processo por corrupção ativa. A acusação contra ele é de negociar propina para organização criminosa que fraudava o fisco.

Sergio Moro, na semana passada, quando foi dar explicações ao Senado (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O diálogo - Nilton seria o responsável por lavrar escrituras de transferências de propriedade de um dos filhos do ex-presidente. “Seriam dezenas de imóveis”, disse Moro na conversa com o procurador.

Ainda conforme divulgou a revista, Dallagnol foi rápido e 24 minutos depois de receber a orientação do então juiz escreveu que tentou falar com técnico em contabilidade, mas que a testemunha “arriou”. “Disse que não tem nada a falar. Quando dei uma pressionada, desligou na minha cara”.

Nas mensagens, o procurador diz a Moro que estava pensando em intimar Nilton, se necessário, “até com base em notícia apócrifa”.

A Veja diz que tentou falar com o contador nesta quarta-feira (26), mas ele “foi evasivo”. “Não sei por que meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, disse à reportagem.

Perguntado sobre se teria informações referentes aos filhos de Lula e se havia prestado depoimento para a Lava-Jato, ele disse apenas que não faria declarações.

Empresário - A Veja também localizou o empresário Mário César Neves, dono de um posto de gasolina na Capital. O escritório de Nilton presta serviço para o mesmo.

Para a reportagem, ele confirmou que na época, em dezembro de 2015, foi procurado pelo MPF e passou o contato do contador.

 

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