Cidades

Com 40 mil adolescentes sem tomar 1ª dose, MS vacina hoje em escolas

Escolas estaduais foram usadas como ponto de imunização, para incentivar alunos de todas as redes a se vacinar

Guilherme Correia e Cleber Gellio | 07/12/2021 09:57
Estudante é vacinada contra a covid-19 na Escola Estadual Joaquim Murtinho, nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)
Estudante é vacinada contra a covid-19 na Escola Estadual Joaquim Murtinho, nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

Nesta terça-feira (7), o governo do Estado pôs em prática o Dia D da campanha de incentivo à vacinação contra a covid-19 de crianças e adolescentes. A ação transformou 82 escolas vinculadas à Rede Estadual de Ensino em pontos temporários de imunização e também transportou alunos para esses locais.

Conforme a SES (Secretaria Estadual de Saúde), ao menos 40 mil indivíduos, de 12 a 17 anos, não buscaram nem o primeiro imunizante anticovid. Considerando o total do público apto, cerca de 26% ainda não iniciou o ciclo vacinal e 45% não o completou - isto é, não tomou a segunda dose.

Dados do Ministério da Saúde, levantados pela reportagem nesta manhã, indicam que houve uma redução na procura por doses, primeira ou segunda, neste público, com o passar dos meses, desde que a vacinação foi ampliada para os menores.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só permite doses da Pfizer em jovens. Elas são aplicadas em duas doses, que devem cumprir intervalo mínimo de 21 dias.

Campanha - Com o slogan “adolescente inteligente confia na vacina”, a mobilização foi feita pelas secretarias estaduais de Saúde e Educação, junto com as respectivas pastas municipais.

Em Campo Grande, a ação aconteceu nas escolas estaduais Joaquim Murtinho, Lino Villachá e Waldemir Barros da Silva. Elas ficam, respectivamente, no Centro, no Nova Lima e nas Moreninhas, e ficam abertas das 7h às 17h. A em região central, contudo, estará disponível até as 20h.

Vacinação de adolescentes, em Campo Grande, aconteceu em três escolas estaduais nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

No interior, Ponta Porã teve duas unidades de ensino - a Joaquim Murtinho, na área urbana, e a Itamaraty, em assentamento homônimo. Além disso, as demais cidades tiveram, cada, uma escola estadual que serviu de ponto para vacinação - confira a relação completa aqui.

Segundo a SED (Secretaria Estadual de Educação), até ontem, havia 2 mil autorizações de deslocamento e de vacinação, por parte dos pais ou responsáveis. Ainda que este seja o dado oficial sobre quantos estudantes serão contemplados pela busca ativa, a vacinação é aberta para jovens em geral e, até o fim do dia, o índice poderá crescer. Ao todo, há 240 mil adolescentes desta faixa etária em Mato Grosso do Sul.

Caso estejam desacompanhados, é preciso levar autorização feita pelos pais ou responsáveis, disponibilizados pelas escolas. Além disso, é preciso documento de identificação, CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) ou CNS (Cartão Nacional de Saúde).

Jovens precisam de autorização dos pais ou responsáveis para receber a vacina da covid. (Foto: Marcos Maluf)

Busca ativa - A estudante do oitavo ano da Escola Estadual João Carlos Flores, no Bairro Rita Vieira, Thaynara Pereira, de 14 anos, veio acompanhada de uma professora para receber a primeira dose. Ela acredita que a vacina seja muito importante para a proteção, ainda mais por que a avó morreu, suspeita de coronavírus, e pede que outros jovens também busquem o imunizante.

“Não tomei antes porque eu fiquei gripada e tive que esperar os 15 dias, mas assim que passou, fiquei sabendo que a escola iria levar para vacinar, e aproveitei”, explica.

Estudante de terceiro ano do Ensino Médio na própria Joaquim Murtinho, Dunia Melhem, foi receber a segunda dose e entende que é fundamental a vacinação dos jovens. “Falta muita gente para se vacinar e se essas pessoas não se vacinarem o mais rápido possível, o próximo ano pode piorar”.

Em parceria com a Agetran (Agência Municipal de Trânsito), foi organizado o deslocamento dos estudantes para os pontos de imunização. A escala se baseou no local de residência de cada um, a fim de fornecer transporte para os sem vacina.

Agetran contribuiu para organização do deslocamento. Estudantes foram levados, de ônibus, para as escolas.(Foto: Marcos Maluf)

As aulas de hoje não foram suspensas e os estudantes, após a aplicação, retornam para as salas e seguem as atividades letivas normalmente. Quem estuda na rede particular e municipal também pode receber a vacina nesses locais, que também aplicam doses em servidores da educação e no público em geral.

A agente de limpeza Cristina Lobo, de 47 anos, trabalha na Escola Silvio de Oliveira, no Bairro Aero Rancho, e aproveitou para ir até a Joaquim Murtinho receber a terceira dose. Ela veio junto a uma turma de alunos, com dois adultos. "Ainda não tinha tomado a minha terceira dose. Quando fiquei sabendo que a escola iria levar os alunos, também aproveitamos e embarcamos junto".

Funcionária de outra escola estadual foi até a Joaquim Murtinho, nesta manhã, tomar o reforço anticovid. (Foto: Cleber Gellio)

Obrigação - Ao Campo Grande News, a secretária estadual de Educação, Maria Cecília Motta, explica que as escolas trabalham o tema de vacinação com alunos desde 29 de novembro, como forma de conscientização. “É na escola, que a gente trabalha a questão de ciência e tomadas de atitudes”.

“É na escola, também, que a gente faz essa conscientização, baseando-se na verdade e na evidência. Por isso, encaminhamos a todas as escolas orientações para trabalhar por áreas de conhecimento. Porque o conhecimento que eles adquirem na escola, eles levam para casa, sobre o que estudaram e os reflexos da pandemia”.

Campanha visa incentivar jovens a estarem protegidos contra o coronavírus. (Foto: Marcos Maluf)

Questionada sobre a exigência de vacinação aos estudantes, para o ano letivo de 2022, Motta descartou, por ora, a regra. Segundo ela, se escolas obrigarem a vacinação, outros estabelecimentos teriam de fazer o mesmo.

Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, cerca 84% deste público tomou a primeira dose e 55% receberam a segunda. Em outras palavras, há 40 mil sem o primeiro imunizante, segundo ele, e 130 mil que não vieram pelo reforço. “Por isso, é importante essa conscientização. Porque agora, está se  aproximando o período de férias. Estudantes que quando viajam, podem ser possíveis veiculadores do vírus a seus familiares”.

Ação visa mostrar os benefícios da vacinação contra o coronavírus. (Foto: Marcos Maluf)
Alunos precisam de autorização dos pais para se vacinar, caso estejam desacompanhados. (Foto: Marcos Maluf)
Somente doses da Pfizer são permitidas a jovens, de 12 a 17 anos, no Brasil. (Foto: Marcos Maluf)
Aluno organiza documentação para apresentar aos vacinadores. É preciso documento oficial de identificação. (Foto: Marcos Maluf)
Ao menos 40 mil adolescentes não tomaram nem a primeira dose no Estado. (Foto: Marcos Maluf)
Alunos foram até as escolas tomar a vacina e depois retornaram para as aulas. (Foto: Marcos Maluf)
Ponto de higienização das mãos com álcool em gel, recomendado para prevenção básica, em escola estadual. (Foto: Marcos Maluf)
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