Cidades

Chefe de saúde lamenta suspeita de desvio e denuncia falta de equipes em aldeias

Com um médico para 5,7 mil terena, chefe de saúde de Dois Irmãos e Sidrolândia foi ao DSEI hoje tentar discutir problema

Silvia Frias e Clayton Neves | 19/08/2020 10:50
Chefe do polo de saúde indígena, Arildo Alves, diz que comunidade sofre com precariedade (Foto: Marcos Maluf)
Chefe do polo de saúde indígena, Arildo Alves, diz que comunidade sofre com precariedade (Foto: Marcos Maluf)

Com apenas um médico atendendo população de 5,7 mil índios terena em Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, a comunidade sofre com avanço da covid-19 e com precaridade no atendimento à saúde, a exemplo do que ocorreu em Aquidauana.

O polo base de Sidrolândia contabiliza 172 casos confirmados de covid-19 e 7 mortes. Hoje, na tentativa de discutir o assunto, o chefe do polo de saúde indígena Arildo Alves Alcântara foi até o DSEI (Distrito Sanitário de Saude Indígena) de Campo Grande, mas teve expectativa frustrada com a operação da PF (Polícia Federal) que recolhe documentos em investigação de corrupção ligada à saúde indígena.

Arildo Alves diz que o médico designado pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) atende a população de 5,7 mil índios das 14 aldeias existentes em Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia. Hoje, acompanhado dos caciques das aldeias Córrego do Meio, Nova Tereré, Lagoinha, 10 de Maio e Buriti, foi até o DSEI para discutir melhorias no atendimento à saúde.

Alves explica que, regularmente, apenas os técnicos de enfermagem prestam atendimento nas unidades de saúde e o médico trabalha em escala, dividida por turnos, até cobrir as 14 aldeias. “Tem aldeia que nem técnico de enfermagem tem”. 

Viaturas da PF na sede do DSEI, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

O chefe do polo indígena lamentou que a presença da PF da DSEI já que isso significa investigação de irregularidades no trato dos recursos, ainda mais pela presença de equipes da Receita Federal e da CGU (Controladoria Geral da União).

No início de agosto, o secretário Especial de Saúde Indígena, Robson dos Santos, esteve em Sidrolândia e falou que insumos seriam entregues às aldeias e garantiu a contratação de três técnicos de enfermagem, um enfermeiro e um médico para agilizar testagem.

Arildo Alves diz que os insumos estão chegando, como 300 testes rápidos de covid, mas são insuficientes para cobrir a população. Como a PF ainda permanecia na sede do DSEI, o grupo optou por ir embora e buscar atendimento mais tarde.

A operação investiga irregularidades no atendimento à saúde indígena. A assessoria da PF não divulgou quantos mandados estão sendo cumpridos e quais seriam os crimes apurados.

A defasagem de equipe também havia prejudicado atendimento das comunidades em Aquiauana, Anastácio e Nioaque. Em agosto, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) destinou caminhão com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e Sesai havia ampliado numero de profissionais no atendimento.

A reportagem tentou contato com o coordenador do DSEI, Luiz Antônio, no cargo desde a exoneração de Eldo Elcídio Moro, no dia 10 de agosto, mas não obteve retorno.

O Dsei, vinculado a Sesai, é o responsável pelas ações em Saúde para os 80,8 mil indígenas de Mato Grosso do Sul. 

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