Cidades

Capa de revista por sucesso, acusado de golpe em 60 mil é réu por diploma falso

Até ser alvo de operação da PF, ele se apresentava como administrador, cônsul e era capa de revista pelo sucesso

Aline dos Santos | 17/12/2019 10:21
Celso Éder Gonzaga de Araújo é réu por apresentar diploma falso de Administração. (Foto: Revista Also)
Celso Éder Gonzaga de Araújo é réu por apresentar diploma falso de Administração. (Foto: Revista Also)

Alvo da operação Ouro de Ofir, Celso Éder Gonzaga de Araújo, suspeito de liderar golpe com 60 mil vítimas, é réu na Justiça Federal de Campo Grande por uso de diploma falso. O documento foi apreendido na operação da PF (Polícia Federal), realizada em novembro de 2017. À época, ele se apresentava como administrador, cônsul, dono da Company Consultoria Empresarial e capa de revista com status de empresário de sucesso.

O juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Bruno Cezar da Cunha Teixeira, manteve o recebimento da denúncia contra Celso Éder e marcou o interrogatório para agosto de 2020. Conforme o MPF (Ministério Público Federal), os crimes são de uso de documento falso e falsificação de documento público.

Segundo a denúncia, Celso Éder fez uso de documento público falso ao apresentar ao CRA/MS (Conselho Regional de Administração), em 4 de agosto de 2015, certificado de conclusão de curso de Administração e histórico escolar falsos. O diploma de ensino superior foi supostamente emitido pela FIC (Faculdades Integradas Cruzeiro). O CRA faz o registro dos profissionais.

Na audiência, a Justiça vai ouvir representantes do conselho e da faculdade. No portal do MEC (Ministério da Educação), a Faculdades Integradas de Cruzeiro aparece como descredenciada desde 2018. A reportagem não conseguiu contato por telefone com a instituição e nem com o CRA/MS.

A ação da Ouro de Ofir foi repassada no fim de 2017 para a Justiça estadual, onde tramita, em sigilo, ação contra a economia popular. Mas o MPF destacou que no caso do diploma falso, a competência é da Justiça Federal. O Campo Grande News não conseguiu contato com Celso Éder Gonzaga de Araújo.

Em janeiro de 2018, Celso Eder foi denunciado pelo MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por organização criminosa e estelionato, além de pedido de indenização, no mínimo, de R$ 1 milhão por danos morais coletivos. Ele chegou a passar um ano preso e atualmente responde ao processo em liberdade. 

No golpe investigado na operação Ouro de Ofir, as vítimas eram convencidas a “adiantar” um aporte (geralmente R$ 1 mil) e em troca as pessoas teriam direito a receber mil vezes o valor antecipado.

Os contratos eram, inclusive, registrados em cartório para aumentar a credibilidade. Para repatriação, 40% de uma altíssima soma de dinheiro ficaria com o governo federal, 40% doado como ajuda humanitária (reembolsando os aportes) e 20% para a família Araújo.

A origem do dinheiro para pagar os investidores eram créditos de até R$ 1 trilhão relacionados com compra e venda de uma grande quantidade de ouro. O nome Ouro de Ofir faz alusão a uma cidade mitológica, que produzia ouro de maior qualidade e beleza, mas nunca localizada.

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