Cidades

Caminhoneiros podem parar no dia 1º e garantem ação maior que em 2018

Redução no preço do diesel é a principal reclamação, mas o preço mínimo de frete, parado na Justiça, também é foco da categoria

Lucia Morel, com agências | 13/01/2021 18:52
Em 2018, greve durou vários dias e desabasteceu todas as regiões. (Foto: Arquivo)
Em 2018, greve durou vários dias e desabasteceu todas as regiões. (Foto: Arquivo)

Caminhoneiros autônomos de todo o País podem definir esta noite se entram em greve a partir de 1º de fevereiro. A categoria promete mobilização maior que a de 2018, quando o Brasil parou diante do protesto que durou dias e provocou desabastecimento em todas as regiões.

O grupo se reúne esta noite às 20h para tentar angariar apoio e definir as pautas de uma nova greve nacional. A assembleia geral, por videoconferência, foi convocada por Plínio Nestor Dias, presidente do CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas). Ele diz que a paralisação será pacífica.

"O que você está achando, meu irmão? O senhor tem condições de rodar com seu caminhão nesse País, com combustível caro, insumo caro, tudo aumenta, tudo sobre e o frete está uma desgraceira. Pessoal, 250 litros de diesel está quase R$ 1 mil. Não tem mais cabimento”, enfatiza Dias.

Segundo ele, “de Curitiba para São Paulo sobra R$ 150 no final da viagem e está com o tanque seco, não sobra nada. Quem acha que a situação está ruim, pare dia 1º", convoca, lamentando que “tem pessoas aí que ficam atrás de lideranças que se dizem de caminhoneiros alegando que não precisa parar. Isso é uma afronta”.

As últimas tentativas de greve da categoria não vingaram por rachas entre as diversas entidades representativas no País. O governo federal aposta justamente nessa divisão para tentar desmobilizar a greve. 

Na Região Sul, caminhoneiros prometem em grupos de WhatsApp bloquear cidades e fábricas de alimentos, o que pode afetar o abastecimento de supermercados.

Já o presidente da ANTB (Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil), José Roberto Stringasci, diz que essa poderá ser uma paralisação maior do que a realizada em 2018, devido ao grau crescente de insatisfação da categoria, principalmente em relação ao preço do diesel e às promessas não cumpridas após a histórica greve no governo Temer.

Conforme ele, a alta do preço do diesel é o principal motivador da greve, mas conquistas obtidas na paralisação de 2018, que chegou a prejudicar o abastecimento em várias cidades, também estão na lista de dez itens que estão sendo reivindicados ao governo para evitar a greve.

"Esse (diesel) é o principal ponto, porque o sócio majoritário do transporte nacional rodoviário é o combustível (50% a 60% do valor da viagem) Queremos uma mudança na política de preço dos combustíveis", informa.

Outras reivindicações são o preço mínimo de frete, parado no Supremo Tribunal Federal (STF), após um recurso do agronegócio, e a implantação do Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot), duas conquistas de 2018.

Para resolver a questão e evitar uma greve, os caminhoneiros querem uma reunião com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, que recebeu o apoio da categoria nas eleições de 2018.

"A categoria apoiou ele em 100% praticamente nas eleições. Então agora exige a presença dele na reunião", explica.

Stringasci diz que a greve já tem 70% de apoio da categoria e de parte da população, diante de preços em alta não apenas no diesel, mas em outros combustíveis, alimentos e outros itens que elevaram a inflação em 2020.

"Eu creio que a greve pode ser igual a 2018. A população está aderindo bem, os pequenos produtores da agricultura familiar também. Se não for igual, eu creio que vai ser bem mais forte do que 2018", alerta.

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