Cidades

Após fim de acordo, funcionários dos Correios em MS aderem à greve nacional

Estimativa do sindicato é que 90% dos serviços sejam paralisados em MS; franquias, terceirizadas, mantêm atendimentos

Silvia Frias | 18/08/2020 10:31
Funcionários dos Correios em frente ao prédio na Dom Aquino, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Funcionários dos Correios em frente ao prédio na Dom Aquino, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Funcionários dos Correios em Mato Grosso do Sul aderiram à paralisação nacional a partir das 22h de ontem, após assembleia. O levantamento de adesão está sendo feito pelo sindicato dos trabalhadores, mas estima-se “participação maciça” dos 1,3 mil funcionários no Estado.

Somente em Campo Grande, são 600 trabalhadores. Segundo a presidente do Sintect-MS (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de MS), Elaine Regina de Souza Oliveira, ainda não se tem os dados de adesão em todos os municípios, mas o acordado na assembleia era paralisação total. A estimativa é que 90% do serviço seja suspenso durante a greve. Na agência da Avenida Bandeirantes, por exemplo, 3 dos 5 funcionários não foram trabalhar.

Agência na av. Bandeirantes manteve atendimento (Foto: Henrique Kawaminami)

Alguns trabalhadores se concentram em frente ao prédio dos Correios na Rua Dom Aquino, mas, por conta da pandemia, a orientação é que todos fossem para casa. Nova mobilização está prevista para amanhã, com número reduzido para evitar aglomeração.

A presidente do sindicato diz que manutenção dos 30% de trabalhadores previstos em lei para continuidade dos serviços somente seria obedecida se viesse por meio de decisão judicial. Elaine informa que a greve não abrange o serviço das franquias, por se tratar de serviço terceirizado, de contratação particular.

A principal reivindicação da categoria é a volta das cláusulas suprimidas do acordo coletivo que estaria em vigência até 2021. Elaine Oliveira explica que foram retiradas 70 itens, como 30% de adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização por morte e pagamento adicional noturno e horas extras.

As reivindicações dos funcionários haviam sido deferidas pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) em 2019, mas uma decisão liminar do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, suspendeu os efeitos do acordo na instância laboral. 

Elaine diz que antes de optar pela greve, a categoria tentou reverter as decisões judiciais e sempre participou das negociações, mas não houve acordo.

Elaine Oliveira, presidente do Sintect-MS (Foto: Henrique Kawaminami)

Para o carteiro André Luiz silva dos Santos, 45 anos, há 15 anos na função, as mudanças retiram direitos conquistados por 30 anos. “É um prejuízo financeiro muito grande para gente”, disse. Casado e com dois filhos de 20 e 15 anos, avalia que as mudanças vão impactar nas contas da família. “Querem tirar tudo de uma só vez”.

Para a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Telégrafos e Similares), a derrubada dos direitos por parte dos Correios é forma de facilitar e abrir caminho para a privatização.

Adesão à greve nacional foi definida em assembleia, ontem, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Em nota, os Correios alegam que não pretendem suprimir direito dos empregados, mas propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e outras legislações. Desde o início das negociações, alega, o objetivo foi cuidar da “sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia”.

A diminuição de despesas prevista com medidas tomada pela empresa é de cerca de R$ 600 milhões/anuais. As reivindicações da federação custariam quase R$ 1 bilhão, dez vezes o lucro obtido em 2019, sendo impossível de ser atendida. (colaborou Bruna Marques).

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