Cidades

Aos 100 anos, morre jornalista Hélio Fernandes que foi perseguido na ditatura

Ele era conhecido pelo estilo combativo de fazer jornalismo e chegou a dirigir o jornal Tribuno de 1962 a 2008

Alana Portela | 10/03/2021 11:42
O jornalista Hélio Fernandes estava com 100 anos de idade. (Foto: Reprodução)
O jornalista Hélio Fernandes estava com 100 anos de idade. (Foto: Reprodução)

Aos 100 anos de idade, o jornalista Hélio Fernandes morreu na madrugada desta quarta-feira (10), no Rio de Janeiro. Segundo jornal O Globo, ele teria morrido de causas naturais e o velório será restrito por conta covid-19. 

Hélio era uma figura conhecida pelo trabalho jornalístico e também por ter sido um dos profissionais da comunicação a ser perseguido da época da Ditadura Militar. Em comemoração ao centenário de Hélio, foi lançado neste ano o documentário "Confinado", onde ele conta sua história e lembra do período em que foi confinado pelo governo militar por um mês, em um quartel em Pirassununga, em São Paulo.

Conforme O Globo, no livro “A Ditadura Escancarada” de Elio Gaspari, revela que o jornal "Tribuna da Imprensa", que pertencia a Hélio,  foi o diário mais massacrado pelo IA-5. "Sofreu mais de vinte apreensões e teve censores dentro do seu prédio por dez anos e dois dias. Antes mesmo que Médici chegasse ao Planalto, o jornalista Hélio Fernandes, seu proprietário e alma panfletária, passara por quatro cadeias e dois desterros", descreve o autor.

Hélio comprou a “Tribuna da Imprensa” em 1962 e dirigiu até 2008, ano que o jornal deixou de circular. Também chegou a dirigir outros veículos de comunicação, como “O Cruzeiro” e “A Noite”. 

Nos últimos anos e mesmo longe das redações, Hélio não deixou o instinto jornalístico e continuou escrevendo em um blog e em um perfil nas redes sociais, por onde também mantinha o contato com os leitores. 

Ainda segundo O Globo, a família informou que o corpo do jornalista deverá ser cremado amanhã (11), e o velório será restrito devido à pandemia da Covid-19.

Hélio era pai dos também jornalistas, Rodolfo Fernandes, ex-diretor de Redação do "Globo", e Hélio Fernandes Filho, ambos mortos em 2011. Aos 100 anos, ele deixa outros três filhos, Isabela, Carolina e Bruno, e dois netos, Felipe e Leticia.

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