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Um estranho Congresso das CEBs

Por Gregorio Vivanco Lopes (*) | 13/04/2014 10:43

As chamadas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), há muito vinham vegetando. No final de 2013, porém, trombeteou-se aos quatro ventos que as CEBs ressuscitavam. Assim, realizaram elas um congresso em Juazeiro do Norte (CE) de 7 a 11 de janeiro último, intitulado 13º Intereclesial.

Segundo a propaganda feita, tal ressurreição se tornara possível devido ao impulso que lhes vinha da política posta em prática pelo Papa Francisco. Parecia confirmar essa assertiva, entre outros fatores, a realização, pouco antes do 13o Intereclesial, de um simpósio no Vaticano, mais precisamente na Pontifícia Academia de Ciências, com a presença de marxistas notórios, especialmente convidados, como João Pedro Stédile e Juan Grabois.

O site da CNBB anunciava exultante: “Pela primeira vez em sua história, um Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) recebe uma mensagem de um papa”.(1)

E o “Osservatore Romano” publicava, em 10 de janeiro, uma longa entrevista com importante assessora das CEBs, a missionária xaveriana Tea Frigerio. No jornal do Vaticano esta religiosa parece prescindir de sacerdotes até para a celebração da Missa: “A vida de uma comunidade eclesial de base concentra-se na celebração dominical da Palavra feita pelos leigos”.(2)

Por sua vez, o conhecido entusiasta das CEBs, Frei Betto, deixou claro que as CEBs não são católicas, pois “ressalta que nas CEBs que ele conhece tem gente do candomblé e até gente que não tem fé, mas gosta de frequentar a comunidade, ‘As CEBs são muito mais interreligiosas do que ecumênicas’”.(3)

Em carta aos participantes, os Bispos presentes ao congresso assim se expressaram: “Nós, bispos participantes do 13º Intereclesial de CEBs, em número de setenta e dois [...] Muito nos sensibilizaram os gritos dos excluídos que ecoaram neste 13º intereclesial: gritos de [...] tantas pessoas que sofrem as consequências do agronegócio, do desmatamento, da construção de hidrelétricas, da mineração, das obras da copa do mundo, da seca prolongada no nordeste, do tráfico humano”(4).
E o sociólogo Pedro A. Ribeiro de Oliveira (5) criticou a economia capitalista, bem como uma pretensa caça às bruxas que estaria havendo: “Hoje são caçados terroristas, bandidos, traficantes e outros marginais vistos como responsáveis por esse mal-estar”. O texto é desconcertante! Deveria haver liberdade para os terroristas, traficantes, bandidos?

A mensagem do Papa Francisco mereceu uma resposta dos participantes, aprovada por aclamação. O texto é dirigido não ao Papa, mas ao “querido irmão, bispo de Roma e pastor primaz da unidade [...] Nós lhe agradecemos por fazer do ministério papal uma profecia contra a economia de exclusão, que hoje domina o mundo”.(6)
Como isso tudo é diferente da pregação do santo José de Anchieta, Apóstolo do Brasil!

(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM

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