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Triste sina do Estádio Morenão

Por Gilson Cavalcanti Ricci (*) | 26/02/2013 09:23

Com muita tristeza, reporto-me neste modesto artigo ao monumental Estádio Universitário de Campo Grande, alcunhado “morenão” pela mídia esportiva, que introduziu tal pejorativo ao grandioso gigante de concreto e aço. Quando passo à sua frente, vejo ali um veemente libelo acusatório desfavorável aos comandantes do futebol estadual, sobremaneira contra o desprezo dos políticos locais ao futebol de Mato Grosso do Sul, que tanto nos orgulhou no passado por sua trajetória brilhante diante de poderosos adversários nacionais e estrangeiros.

Foi inaugurado em 7/3/1971, com o jogo entre Flamengo e Corinthians diante de uma platéia de mais de tinta mil torcedores, vencendo o Flamengo por 3X1. A partir de então, o estádio passou a receber grandes equipes do futebol brasileiro, tornando-se uma das praças esportivas mais concorridas do Brasil, onde o público aficionado vibrava em memoráveis jogos do Campeonato Brasileiro, como na épica vitória do Operário sobre o Palmeiras por 2X0, ocorrida em 23/2/1978 perante 38.122 torcedores, que vibraram freneticamente com os lances do heróico time campo-grandense frente ao poderoso adversário paulista.

Fatos curiosos aconteceram ali, como na noite de 6/3/1982, durante o jogo entre Operário e Vasco - vencido pelo Operário por 2X0 -, quando o estádio fora atacado por uma esquadrilha de discos voadores, diante de 25.575 testemunhas – recorde mundial de videntes de OVNI, segundo a Wikipédia -. O fato foi alardeado pelas equipes de rádio e televisão que transmitiam o jogo, causando perplexidade a todos os presentes, como também aos telespectadores e ouvintes de outras cidades, servindo o episódio de pilhéria por muito tempo no âmbito futebolístico nacional.

Com capacidade para 45.000 torcedores, é o maior estádio universitário da América Latina, e figura na décima posição entre os maiores estádios brasileiros, conforme ainda a Wikipédia. Portanto, é uma pena vê-lo agora condenado ao abandono - como uma inútil ruína inca dominada pelos morcegos.

Culpa tem a cúpula do futebol sul-mato-grossense pela triste sina de um monumento grandioso, como foi no passado o nosso pujante Estádio Universitário, o “morenão”. A estupidez impede que encontrem soluções inteligentes para o ressurgimento daquele saudoso e atraente futebol. Peca a classe política, por deixar morrer à míngua todo um passado de glória, desconsiderando o elevado dispêndio garantido pelo erário público na construção do monumental estádio.

O governo não vacilou diante dos números para levar a termo tão grandiosa obra. Contudo, não adotou estratégia jurídica para manter o interesse do torcedor local. O resultado aí está: jogos ruins na periferia da cidade, e minguado público, enquanto no mesmo momento foguetes explodem nos céus de Campo Grande durante os jogos do Rio, São Paulo e outras cidades brasileiras, transmitidos pela televisão.

(*) Por Gilson Cavalcanti Ricci é advogado.

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