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Sendo parte, os sinos dobram por ti!

Por ane Marí Paim (*) | 27/02/2013 08:13

É reconhecido o amor que os gaúchos têm pelo seu estado. Suas tradições ultrapassaram as fronteiras do Rio Grande do Sul e hoje se encontram concretizadas em tantos CTGs pelo país todo. A fala dos ‘tus’ e dos ‘erres’, vestimentas, músicas, alimentação, a participação efetiva no meio em que estão inseridos, os identificam e integram onde quer que estejam.

O amor pelo Brasil é fato e torna-se mais vibrante, principalmente quando estamos no exterior, ouvimos a nossa língua e imediatamente nos identificamos - somos brasileiros. Mas aqui, reconhecemos nossas deficiências, cantamos nossas mazelas e não desistimos nunca.

É notório o apego que os torcedores têm pelos seus times, formando torcidas compostas por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo todo.
Muitos sofrem anos pelas constantes derrotas do seu clube, e vão ao êxtase quando alcançam a vitória. Não são torcedores pelas vitórias, mas porque fazem parte.

Num outro patamar não menos importante, defendemos a nossa família ferozmente. Admitimos até críticas a um ou outro membro, mas desde feitas por nós mesmos, jamais por terceiros.

O mesmo se dá pela empresa onde trabalhamos. Somos responsáveis pelo seu sucesso; investimos nosso esforço, tempo e trabalho para que ela se fortaleça sempre mais porque isso é motivo de orgulho para todos nós.
Quando vestimos a camiseta da empresa estamos construindo nosso futuro profissional e da certeza de que fizemos a escolha certa.

A isso se chama sentimento de pertença, que surgiu como sentimento psicológico de comunidade, em 1974, no campo da psicologia comunitária.
Implica preocupação de uns com os outros e com o grupo, e uma fé partilhada de que as necessidades dos membros serão satisfeitas através do compromisso de permanecerem juntos.

Compõe o sentimento de pertença tudo o que sentimos com relação ao que fazemos parte: orgulho de pertencer; sentir-se membro reconhecido como integrante; sentir-se responsável pelo desempenho, pelos problemas, objetivos e política; e reação às críticas feitas, o que nos leva a defesas imediatas.

Esse conceito, embora recente, reflete uma prática antiga das pessoas e lembra John Donne quando diz que somos parte do todo, e assim, o que atingir qualquer ser humano em qualquer parte do mundo, me diminui.
Então, “não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Ser parte está na razão inversa da desatenção civil ou do direito à privacidade. Porque implica em envolvimento, proximidade, afetividade, o que nos torna vulneráveis a violência principalmente nas grandes cidades. Porque é sempre mais fácil não ver, passar longe, não tomar conhecimento.

Mas os benefícios do pertencer são muito maiores. Diminui a solidão; aumenta o calor humano, a satisfação e o prazer do convívio; nos fortalecem porque estamos juntos; participamos do crescimento das pessoas que nos cercam e das empresas onde trabalhamos; e nos tornamos mais humanos, solidários com as alegrias e tristezas de todos. Talvez não tenhamos perdido ninguém na tragédia da Boate Kiss, mas muitos perderam e isso também nos atinge, nos diminui e entristece!

(*)Jane Marí Paim, coordenadora do curso de Direito do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande

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