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O natural inevitável... e o natural inaceitável!

Por Rosildo Barcellos (*) | 15/09/2015 11:00

Temos falado muito em crise, em dificuldades, lixo e em corrupção, mas ainda acredito que junto com as questões de depressão e problemas psicológicos, o fenômeno social mais preocupante ainda é a escalada do uso de substâncias entorpecentes. Justamente em razão da multidimensionalidade do tema, posto que, reflete desde um simples acidente de trânsito até a inquietação, medo e tristeza no seio familiar. A droga é hoje um impeditivo à paz social, pois gera intranquilidade no seio da “célula mater” da sociedade, na Saúde e na Segurança Pública. Sinto inequívoca, a relação na tríade usuário/traficante/criminalidade e o seu peso na movimentação da máquina da violência.

O uso indevido de drogas ameaça a estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais e da vida. Inobstante todos os esforços já realizados pelo Estado e pelo terceiro setor, na busca de alguma solução para a questão das drogas, infere-se uma enorme frustração quando se examina o balanço das políticas de enfrentamento implementadas.

É certo que muitos países são fortemente dependentes da economia das drogas, como é o caso, por exemplo, de Myanmar (antiga Birmânia), apontado pela ONU como o segundo maior produtor de ópio do mundo (460 toneladas), e de Marrocos, maior produtor mundial de haxixe. Entretanto é inegável que qualquer política de combate às drogas tenha por norte, contribuir para a responsabilização dos indivíduos a que se destina, buscando a sua conscientização e uma mudança atitudinal. Estamos em guerra contra as drogas e não há mais espaço para retórica. Certamente é uma questão de saúde pública.A série Narcos com o brasileiro Wagner Moura,(série do Netflix) reacendeu a discussão,mas certamente em quase todos os rincões do Brasil, as famílias continuam eivadas da inquietante sensação do medo.

O slogan “guerra as drogas” passa a fazer parte de toda uma aparelhagem ideológica presente em estratégias do Estado, da Justiça, de grupos de religiosos contra um “grande mal”. Destarte precisamos fazer “entrar em cena” os atores, perturbar a lógica. Pais (sempre) em atividades junto a seus filhos, comungando com a orientação de professores, jornalistas, religiosos e enfim todas as autoridades constituídas para buscar um caminho e se houver a necessidade; a internação.

Reconhecida pelo decreto lei 891 de 25/11/1938 em seu Art 29 que trata do toxicômano ou intoxicado habitual por entorpecentes ou inebriantes em geral com vistas a sua internação obrigatória – por tempo determinado ou não. É o momento de a sociedade somar esforços e contribuir para que se crie uma política de Estado de enfrentamento às drogas. Não se trata de uma disputa político-partidária mas a reeducação do amor “responsável”. Afinal o vício troca as dores humanas por falsos e efêmeros prazeres, enquanto escraviza a alma e por derradeiro: definha o corpo.

(*) Rosildo Barcellos, articulista

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