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Minhas "idéias" ficarão na lembrança!

Por Rosildo Barcellos (*) | 03/01/2016 15:14

O que escrevo está sempre fora de mim ao mesmo tempo em que me liberta ante ao manuseio da verdadeira forma de expressão. Mas desde sexta-feira os acentos dos ditongos abertos "ei" e "oi" se despediram nas paroxítonas.

Agora ela será uma simples "ideia" desgarrada de seu sinal galanteador. É a mudança ortográfica, em vigor. Por fim, ainda permite-me relacionar o que já sabemos (pois está escrito) com o que queremos saber (que ainda é questão).

Desta feita, adentro na questão da lusofonia, que aliás, é o conjunto de identidades culturais existentes em países, falantes da nossa língua portuguesa podendo citar principalmente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe além do Timor Leste.

Evidentemente qualquer alteração que se faça traz em seu bojo reações. Sempre haverá os que aplaudem e os que reprovam, e a razão é extremamente simplória: a reestruturação de qualquer coisa sempre implicará em mudança de atitudes e de comportamentos das pessoas envolvidas ou afetadas nesse processo. Com a reforma ortográfica idem.

A Língua, indubitavelmente, é um patrimônio. É por meio dela que desenvolvemos nosso sentimento de pertencimento a um grupo. Falar, escutar, ler, escrever reafirma, a cada vez, nossa condição humana, de pessoa com envolvimento histórico.

Além disso, a língua realça valores; mobiliza crenças; institui e reforça poderes. Em função disto, exatamente no momento em que o Brasil se projeta no continente africano por meios de investimentos em obras de infraestrutura e parcerias comerciais, acredito ser de fundamental importância sob o ponto de vista estratégico, para o nosso país, iniciativas como o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Mas, acredito que, antes da unificação da grafia da Língua Portuguesa entre os países lusófonos, seria mais urgente e importante discutir as questões do âmbito social e político tais como a fome, pobreza e erradicação de doenças, do câncer, da AIDS. Mas os entrelaçamentos das ações sempre envolvem a questões da língua. Concordo também que escrever corretamente é importante, sim; mas um erro de grafia é só um erro de grafia; não destrói a língua e nem impede a compreensão e nem sua leitura quando observada em seu devido contexto.

Até porque estamos num mundo onde as pessoas se preocupam cada vez menos com o ser humano, menos ligações, menos abraços, menos agradecimentos e se ocupam cada vez mais com a economia, com os juros e com um cotidiano familiar de injustiças e arbitrariedades.

Não obstante, muito embora gere alguns aborrecimentos, a reforma ortográfica vem realmente unificar e atualizar a língua portuguesa em todas as suas variações, o que é algo de enorme importância. A língua, esse recurso tantas vezes subvalorizado, é algo que de tão corriqueiro em nossas vidas por vezes passa fugaz, mas é a ferramenta mais importante que os seres humanos têm para estabelecer fleumáticos laços de comunicação e extrair o melhor de suas relações.

* articulista

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