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Mestrado em Antropologia na UFGD?

Por Jorge Eremites de Oliveira (*) | 20/01/2011 06:09

Criada em 2005 e implantada em 2006, a UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) se consolidou como a melhor universidade de Mato Grosso do Sul e uma das melhores do país, segundo dados apresentados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). O mérito desse sucesso se deve a um conjunto de fatores, dentre os quais a competência do trabalho silencioso, criativo e comprometido de professores e técnicos administrativos.

A qualidade aferida à UFGD não tem sido verificada apenas em cursos de graduação. Também é reconhecida para cursos de especialização, mestrado e doutorado. No final de 2010, por exemplo, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC, aprovou e autorizou a implantação do mestrado em Antropologia na instituição.

Trata-se de um programa de pós-graduação stricto sensu que possui área de concentração em Antropologia Sociocultural (Social + Cultural) e três linhas de pesquisa, a saber: 1) Etnicidade, diversidade e fronteiras; 2) Etnologia indígena, educação e interculturalidade; 3) Arqueologia, patrimônio cultural e etno-história. Com isso a UFGD atende a antigas e novas demandas regionais e suprarregionais.

Mas ao contrário do que se possa pensar em um primeiro momento, a Antropologia não estuda apenas as sociedades indígenas, tampouco o antropólogo é uma espécie de Indiana Jones. De um ponto de vista holístico, a Antropologia é uma ciência social que estuda o ser humano em sua complexidade sociocultural e biológica.

Além disso, cumpre registrar ainda que a procura por antropólogos tem sido crescente no Brasil e em outros países. Exemplo disso são as demandas apresentadas para o ensino superior em geral, órgãos governamentais (FUNAI, INCRA, FUNASA, Ministério Público Federal, prefeituras etc.), ONGs e empresas privadas (licenciamento ambiental, consultoria científica etc.).

Isso mesmo, até em empresas privadas existe a procura pelo trabalho de antropólogos, sobretudo para a chamada Antropologia Empresarial. Trata-se de um subcampo dedicado ao estudo do comportamento dos consumidores, motivo pelo qual o mesmo entrou para o mundo dos negócios, conforme apontado no artigo “Antropólogos, a arma secreta das empresas”, de Ana Rita Faria, publicado em 17/04/2009 no suplemento Economia da revista portuguesa Público.

Não por menos, portanto, televisores, notebooks, automóveis, brinquedos e uma infinidade de produtos e serviços são desenvolvidos e comercializados mundo afora a partir, também, de pesquisas antropológicas. Microsoft, Nokia, IBM, Intel, Lego, Adidas, Coca-Cola, Xerox, Dell e Electrolux são algumas das multinacionais que se valem de estudos antropológicos para o desenvolvimento, lançamento e comercialização de produtos e serviços.

Não obstante a essa realidade, o mestrado em Antropologia da UFGD estará voltado para demandas regionais e suprarregionais ligadas, sobretudo, à nossa sociodiversidade, o que por si só já é algo bastante complexo e desafiador.

(*) Jorge Eremites de Oliveira é doutor em História/Arqueologia pela PUCRS e professor associado da UFGD (eremites@uol.com.br).

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