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Mato Grosso do Sul, 36 anos

Nelson Trad Filho (*) | 11/10/2013 10:17

Mato Grosso do Sul chega aos 36 anos cumprindo as promessas e realizando os sonhos que mobilizaram a sociedade pela concretização, enfim, de um projeto de autonomia político-institucional que vinha sendo sedimentado ao longo de boa parte do século vinte.

Um olhar sobre a brevíssima história de Mato Grosso do Sul como estado autônomo, mais que o indiscutível acerto e a notável oportunidade do desmembramento – no contexto de uma nova geopolítica pensada naquela época e descartada em seguida – do então vastíssimo Mato Grosso, confirma, de forma extraordinária, o quanto se pode empreender e transformar quando se é dono do próprio destino.

Ao assumir-se como unidade federada, há pouco mais de três décadas, Mato Grosso do Sul, apesar dos improvisos político-administrativos iniciais, dispunha de enorme potencial para “vingar” como Estado. Hoje a história confirma o que então era um sonho coletivo erigido como certeza.

Localização estratégica, de vantajosa vizinhança com o Sul-Sudeste; inestimável condição de abrigar grande parte do Pantanal, um dos maiores e mais importantes acervos de vida do planeta; enormes reservas de água, tanto de superfície quanto no subsolo (aquífero Guarani); vastas áreas de vocação agrícola e pastoril que, potencializadas com altos índices de tecnologia, hoje colocam Mato Grosso do Sul no primeiro time de produtores de proteínas para o mundo e tracionam um setor agroindustrial de ponta: todo esse patrimônio tem sido crescente e criteriosamente utilizado, nos últimos 35 anos, a serviço do desenvolvimento econômico e social.

Além do que, nos últimos anos o Estado tem se colocado na vanguarda do estratégico setor da agroenergia, e se firmado como importantíssimo produtor de papel e afins, com a expansão, em grandes áreas antes quase totalmente estéreis, de florestas plantadas que agora suprem a maior fábrica de celulose do planeta, instalada em Três Lagoas.

Porém, todo esse vasto e diversificado patrimônio de potencialidades naturais e de perspectivas construídas a serviço das grandes transformações socioeconômicas, hoje em curso no Estado, nem de longe se equipara aos valores transcendentes do magnífico capital humano de Mato Grosso do Sul.

Forjada com a têmpera de imigrantes destemidos, advindos das mais diversas origens, e de brasileiros oriundos de todos os rincões, a gênese da sociedade sul-mato-grossense já fecundara em vanguarda civilizatória ao menos dois séculos antes da criação de Mato Grosso do Sul.

Portanto, se a história institucional de Mato Grosso do Sul têm apenas 36 anos, a história social e humana, a trajetória de construção dos fundamentos de uma sociedade ‘geneticamente’ inconformada com o atraso e com a dependência, não pode ser contada pela cronologia formal. Os valores que compõem esse magnífico patrimônio de determinação humana e de inspiração social vêm sendo secularmente caldeados no território benfazejo que abriga hoje Mato Grosso do Sul.

É sobre esse panorama de grandes potencialidades econômicas e estratégicas – progressiva e criteriosamente exploradas – e de um extraordinário conjunto de valores socioculturais e humanos, que todos nós estamos construindo o Mato Grosso do Sul das próximas décadas e das próximas gerações - um estado economicamente próspero, culturalmente desenvolvido e socialmente mais justo.

Muito foi feito até aqui. Muito há por fazer.

Por isso, não podemos renunciar ao compromisso com as gerações futuras.
Sob pena de desmerecermos a imensurável herança de valores forjados na fundação da sociedade sul-mato-grossense e, depois, na instituição do Estado de Mato Grosso do Sul.
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(*)Nelson Trad Filho é secretário estadual de Articulação, de Desenvolvimento Regional e dos Municípios

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