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Invasões, soberania e maracutaia

Por Valfrido Medeiros Chaves (*) | 10/12/2013 09:57

Este artigo foi publicado em 2005 no Campo Grande News. A persistência das violações mede o interesse em sua continuidade. 

Pessoas, grupos e Nações, quando têm destruída sua auto estima individual ou coletiva, perdem a noção de continuidade, rompem com suas raízes e são incapazes de defenderem sua integridade e soberania.

Por isso, leitor, se queres saber se alguém há pretendendo exercer dominação sobre sua Nação ou pessoa, é só prestar atenção sobre o que estão querendo fazer com sua autoestima individual, bem como as raízes e o amor-próprio do povo.

Temos visto em nosso MS, um bem orquestrado discurso que tenta caricaturar nossa História como mera ladroagem de terras de índios, bem como colocar nosso pioneiro rural como bode expiatório pela lastimável condição de vida de nossas comunidades indígenas.

Ato contínuo presenciamos uma ampla e estratégica prática de invasões de propriedades legitimas, onde toda sorte de abusos são praticados contra nosso homem do campo, sob o olhar condescendente de muitas autoridades. Tudo levado a efeito para nos destruir a autoestima e promover a descrença nas instituições.

Percebemos que as invasões tem sido manipuladas e orquestradas por organizações exóticas e que o resultado das mesmas tem sido mais frustrações e distanciamento entre as comunidades. Além do franco terrorismo contra o homem do campo, sabe-se da perseguição aos índios que discordam das invasões.

Eis que, neste momento, informações documentadas nos mostram que tudo o que apontávamos, é infelizmente verdadeiro. Estou falando do financiamento e orientação externa de organizações brasileiras manipuladoras das chamadas “invasões indígenas”. Revela-se, por fim, a fonte, os receptores, o volume de dinheiro e o número de invasões a serem executadas, com orçamentos.

Pelos orçamentos, é por si evidente os “saldos financeiros” das invasões, na medida em que apenas o transporte de indivíduos de outras comunidades tem custo considerável. Os beneficiários são óbvios e, entre estes não estão os indígenas, justificando então a expressão “indústria das invasões”, bem como aquela outra que nomeia invasores e invadidos como “buchas de canhão”. Nos bons tempos, Lula chamaria a isso tudo de “maracutaia” e “incompetência das elites”.

Evidentes ainda são os interesses em manter índios em estado de desamparo, quando ficam à mercê das manipulações. Os fatos e os atores estão às claras, para a opinião pública e autoridades, evidentemente interessadas em tudo esclarecer, sobretudo, para bem defenderem o lado mais fraco da corda, que é a população indígena.

Esta, mais uma vez lesada e enganada por crápulas que estão entre nós, pois, se os recursos disponibilizados do exterior tivessem sido aplicados no desenvolvimento das aldeias, nelas não veríamos o favelamento e o escândalo da morte de crianças indígenas, por fome.

Diante de tudo, poderemos avaliar a quantas anda nossa dignidade e a disposição das autoridades para levantarem o traseiro das poltronas e agirem em defesa de nossos índios e soberania.da Nação. Sejam elas Presidente, Governador, Senadores, Assembléia Legislativa, Procuradores, aguardemos. Enquanto isso, leitor, 14 novas invasões estão sendo agilizadas pelos mesmos espertalhões.

A quem interessar possa, os dados reveladores do financiamento e manipulação externa das invasões encontram-se no Processo nº 001.02.02.1449-7 na 3ª Vara Civil, Comarca de Campo Grande. É ver para crer, inclusive os envolvidos da comunidade local.

(*) Valfrido Medeiros Chaves é psiquiatra e produtor rural em Mato Grosso do Sul.

Publicado em 18/05/2005 12:27:00

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