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Do Todo, por Heitor Freire

Por Heitor Freire (*) | 27/03/2011 11:00

O TODO é um círculo. Tudo está no TODO. Desde o princípio e para sempre. O TODO é a harmonia total, ou melhor, deveria ser. Mas ainda voltará a ser.

Quando se instala qualquer conflito, discussão, condenação ou cobrança que se faça entre um e outro, isso vai, necessariamente, gerar um atrito e como tal uma resistência, concorrendo para uma disfunção no TODO.

As situações que estamos vivendo atualmente e desde sempre – porque sempre houve disputa – só se resolverão quando todos se perdoarem mutuamente e se harmonizarem de forma consciente, verdadeira e sincera, quando todos compreenderem que devem mudar. Chegará inevitavelmente o momento em que isso ocorrerá.

A partir do momento em que cada um entender e praticar o amor verdadeiro, compreender que o outro é seu irmão e que a discórdia se constituiu no fator alimentador da separação, e mudar o seu comportamento contribuindo para o bem-estar geral, haverá, então, uma reconciliação global.

E cabe a cada um de nós contribuir para que esse estado ideal se realize, e assim mudar nossos atos, pensamentos, cuidar das nossas palavras, vigiar nossa maneira de ser. Vigiar não no sentido policialesco, mas sim no de observar o sentido da ação consciente do que fazemos.

E também orar. Não como repetição automática de uma fórmula sem nenhum sentimento, mas com verdadeiro sentido e consciência daquilo que se está falando.

Nós estamos encarnados para concorrer, cada um, para a construção de nossa própria evolução. E através da evolução alcançar a libertação.

E isso ocorre por meio de um processo, cujo início se deu por ocasião da criação do homem. No princípio, desde sempre. Após ser dada a partida, o processo prossegue naturalmente e será concluído com a iluminação de cada um.

A partir do momento em que se atinge a consciência do que significa a encarnação, com a decisão de palmilhar o caminho, passo a passo, abre-se a porta da evolução verdadeira, que proporciona a todos a oportunidade de contribuir com inteligência e com vontade para o seu auto-aprimoramento. É o descortinar de um novo tempo.

É a continuidade do moto-perpétuo, de um movimento sincero, simples e constante. Permanente.

Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande – nome atribuído ao deus egípcio Thot, também identificado como o deus grego Hermes –, ensina no livro sagrado Caibalión os fundamentos da Lei que rege todas as coisas manifestadas no mundo, e aponta sete caminhos, que sintetizam os Princípios Herméticos: o Mentalismo, a Correspondência, a Vibração, a Polaridade, o Ritmo, a Causalidade e o Gênero.

O primeiro princípio é o do Mentalismo: “O Todo é mental, envolve tudo e a todos. Nada está fora dele”.

O segundo princípio é o da Correspondência: “O que está em cima é como o que está embaixo; e o que está embaixo é como o que está em cima”. Não é igual, mas análogo.

O terceiro princípio é o da Vibração; “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra”.

O quarto princípio é o da Polaridade: “Tudo tem seu pólo oposto para o perfeito equilíbrio e funcionamento contínuo do ciclo do Universo”.

O quinto princípio é o do Ritmo: “As coisas estão sempre em contínuo movimento e esta lei explica o ritmo desses movimentos”.

O sexto princípio é o da Causalidade (Causa e Efeito): “Nada no mundo acontece por acaso, tudo tem sua causa, e essa causa é o efeito de outra causa, e assim por diante”.

O sétimo princípio é o do Gênero: “Tudo e todos têm seu lado feminino e masculino. É assim que o Universo é formado”.

Assim, tudo obedece a esse ordenamento lógico e determinado, nada fica ao acaso.

Hermes Trimegisto também enunciou a Lei de Uso: “O conhecimento e a riqueza devem circular”. Quem sabe disso tem o compromisso de contribuir para a circulação do conhecimento e da riqueza. Nada deve permanecer estático e isolado.

O ensinamento que é propiciado ao discípulo deve necessariamente circular e é preciso entender que o aprendizado depende do discípulo, não do Mestre.

Se não houver uma mudança na mente e nos procedimentos, nada mudará.

Para terminar, eis um breve comentário sobre os quatro verbos do iniciado: saber, querer, ousar e calar. O iniciado é todo aquele que passou por um processo esotérico de iniciação, visando a sua libertação e evolução consciente.

O saber é o caminho da libertação da ignorância.

O querer é uma afirmação perene da vida.

O ousar é amar, remando contra a corrente da indolência da humanidade.

O calar é o mais difícil, pois exige o controle de si mesmo.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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